
Da boca, eu quero o doce mel beijado
E não o adeus que deixa gosto amargo
Dos seus braços, quero abraços apertados
E a promessa de um amor sem fim
De tudo no mundo, sabe o que mais desejo?
Você só pra mim!
Supliquei o encanto dela esperando arrancar um gesto
E depois de passar todas as estações esperando um momento
Descobri que um beijo, mesmo simples, seria o mais honesto
E por mais lento que fosse tudo aquilo, eu precisava de mais tempo
Disse palavras doces perto de seu ouvido
Ela veio me dizer que até então isso nunca havia sentido
E completou com amor minha vida e meu vazio
Assim, tendo-a em meus braços pude alcançar o que nunca tinha visto
Arranquei um olhar de preces e restando contar-lhe a verdade
Receitei meus últimos versos como se fossem um só sincero pranto
Domei-a intensamente com paixão e fogo que ardiam em veracidade
Querendo dizer: Meu bem, como eu te amo tanto!
Domestiquei minhas mentiras e aprendi a tê-la poucas vezes
Pensei em tocar seus lábios com os meus depois de tantos anos e meses
Senti um viril gosto de saudade e não podia acabar assim
Antes que tivesse terminado, já decretara a mim mesmo nosso fim
Repeti diversas vezes seus nome num ato desesperado: Lílian!
Sabendo das premissas de que não estaria com seu corpo, sequer seu manto
Porém, ela fazia menção do meu querer e do meu estado
Porque tinha escutado: Meu bem, como te amo tanto!
Poderia ter sido cascata dos meus amores
Mas não quis banhar-me, e tive que ruflar minhas asas e sem oração tentar ser santo
Noutro lugar tentei fazer ser passado as minhas dores
Mas eu sei que ainda preciso dizer: - Meu amor, eu te amo tanto!
Hoje li minha vida de trás pra frente
E vi você no meu espelho
Falamos línguas diferentes
E nos alegramos: somos palhaços de nós mesmos
Nos descuidamos quando deixamos
De ser nossos próprios donos pra cuidar de outrém
Mas isso não é amor: entregar mais do que se tem?
Todo dia somos profetas, somos poetas
Cientistas sem provas concretas
Pra provar o que se sente
Não é preciso, já está escrito
Hoje li minha vida de trás pra frente
E confesso: achei bonito!
E não somente dois: somos três, quatro e um milhão
Somos sonho consumado em fato
Somos tripas, olhos, desejo e coração.
O resto é sonho!
Porque...
A única vez que rabisquei amor em mim
Confesso que fiquei com fome
De devorar a saudade deixada assim
Toda vez que alguém fosse escrever seu nome...
- Ficou sabendo? – “Não! O quê?” – Provavelmente será o que você vai perguntar.
- Bom, é que fiquei sabendo que estão rodando o filme da sua vida!
- “É mesmo? Mas... como eles estão rodando esse filme sem a minha participação?”
- Bom... eu acho que eles estão fazendo uma espécie de biografia da sua vida, então nem comentaram com você porque você deve sabê-la melhor do que o próprio diretor e os atores, não é?
- Não, eu não estou sabendo de nada! Como é esse filme? Me conta melhor essa história!
- Mas como eu posso contá-la pra você sendo que é o filme da sua vida, ora bolas!
- Ora bolas o quê?
- Ora bolas que não posso contar algo que você já sabe desde que nasceu!
- Não, eu não sei pombas!
- Como assim? É a sua vida!
- É a minha vida, mas não é! Ahhh você me entendeu!
- Bom, entendi sim. Apesar dessa confusão toda até agora não contei do filme né?
- É, você não contou!
- Bom, o que posso dizer é que estão contando a sua vida como naquele livro..sabe?
- Que livro? Não, não sei!
- Aquele livro que chama “As memórias póstumas de Brás Cubas”.
- Mas como podem falar da minha vida se eu ainda não morri ?
- Boa pergunta! Eu também gostaria que você me contasse como você morre!
- Alôôôôôuuu! Eu não morri darling!
- É mesmo! Que coisa não?
- Você vai contar ou não vai? Estou com pressa!
- Calma! Vou contar sim.
- Começaram a rodar pela sua morte, pois querem contá-lo de trás pra frente. Parece que assim ele terá mais graça.
- Como assim? Minha vida não teve graça?
- Bom, não sei. Você é que tem que me dizer, afinal a vida é sua!
- Ahhh não vai começar com essa história de novo, né?
- Não, não vou! A história que quero começar é a da sua vida!
- Mas ela já começou, eu estou com “x” anos de idade! (Colocar no X a sua idade)
- Bom, se você tem esse tanto de vida, então já pode contá-la você mesmo(a) não acha?
- Eu não acho mais nada! Você vem me dizendo sobre um filme da minha vida e agora sou eu é que tenho de contá-la?
- Bom, se a vida é sua, acho que ela pertence a você e só a você, certo?
- É, tem razão. Mas... e o filme?
- Bom, o filme conta como você morre, sozinho(a), sem amigos, sem um companheiro(a), sem amores, sem filhos, num emprego sem graça no qual você trabalhou 40 anos e depois se aposentou. Eu acho que é assim que o filme começa... aliás, eu acho que é assim que ele termina! Afinal, você morreu né?
- Nãooooo, eu não morri! Estou aqui vivo(a), vivinho(a) da Silva!
- Bom, então acho que dá pra você mudar essa história né?
- Mas como eu vou mudar uma história que não aconteceu ainda?
- Bom, aí é com você. Só você pode mudar, ou melhor, só você pode “causar” tudo isso!
- Eu não entendi patavinas desse filme. Afinal de contas, ele está sendo rodado aonde?
- Bom, está sendo feito nos lugares onde você andou, na sua casa, na sua escola, no seu trabalho, nos lugares que conheceu e está sendo feito com a ajuda das pessoas que você conheceu, amou, odiou, brigou, chorou, etc etc.
- Sei, sei.. mas você não disse que eram atores?
- Bom, eu acho que eles estão fazendo uma espécie de reality show sabe. Desses em que se utilizam pessoas reais. Acho que é pra dar mais consistência pra coisa!
- Que coisa louca! Até agora não entendi nada!
- Bom, você precisa entender. Afinal é sua vida né?
- E aonde arranjar o roteiro?
- Bom, eu acho que o diretor do filme sempre o teve e foi anotando as coisas mais importantes observando você!
- Me observando, como assim?
- Bom, eu acho que ele era seu segurança, não era?
- Não, nunca tive seguranças!
- Bom, então acho que ele era seu amigo ou sua mãe.
- Mesmo que eu tivesse amigos assim ou uma mãe bem próxima, nunca iriam saber contar tudo sobre minha vida!
- Bom, então está ficando difícil para mim essa história!
- Pra você? E pra mim? Como você acha que eu fico nessa história?
- Bom, eu acho que a sua vida não tem muita história boa pra contar né?
- Não sei, acho que tem coisas boas sim!
- Bom, se tem então deve dar um filme né?
- Não sei, nunca pensei que minha vida fosse virar filme!
- Bom, se ela vai virar filme é porque valeu a pena né?
- Valeu não amigo! Ela ainda VALE MUITO A PENA!
- Sei...
- Mas se é a minha vida, preciso falar com o diretor desse filme! Dar umas dicas pra ele, incrementar essa história toda com coisas que eu vi em outros filmes, livros e novelas.
- Bom, você pode até fazer isso. Mas não acha que se eles colocaram tantas coisas assim, ela não será a história da sua vida, mas sim a história da vida de outras pessoas?
- É verdade, acho que é melhor contar só coisas da minha vida né?
- Bom, eu acho que seria mais bonito né?
- É verdade, seria mais bonito mesmo!
- Bom, então vá lá e tente contar a sua história por suas próprias palavras!
- Sim, vou tentar. Mas estou com medo!
- Bom, por que você estaria com medo se já conhece sua vida melhor do que ninguém?
- Porque se vida vai ser contada desse jeito: sem grandes amigos, sem um grande amor, sem alguma coisa extraordinária... ele não vai render sucesso nas bilheterias e temo pelo pior!
- Bom, nesse aspecto é verdade.
- O pior é que eu não concordo com esse ponto de vista, afinal eu acho que minha vida muito boa!
- Bom, se você acha quem sou pra discordar né?
- Tá! Aonde está o diretor pra que eu possa entrar em contato e mudar o final desse filme?
- Vixi! Aí você me pegou! Dizem que ele está em todo lugar!
- Como assim?
- O diretor desse filme é Deus, e esse filme está sendo rodado a cada segundo, a cada minuto e hora que passa. Quando você reclama da vida, quando você chora ou acha tudo ruim. Quando quer desistir, deixar tudo pra trás ao não viver um grande amor, ao não fazer amigos, ao não dizer obrigado, quando não respeita os mais velhos, o filme simplesmente pára de ser rodado e os espectadores vão embora.
É hora de você começar a fazer esse filme valer a pena! Seja seu próprio ator!
Enquanto eu falava de amor
Ela estava de costas pra mim
Observando os navios no porto
E os barcos que se vão rumo ao sol...
A alma nua observava o corpo vestido
E ambas lutavam numa luta sem sentido
Como razão que escraviza o desejo
E faz do medo, o maior aliado
Medo que se tem de dizer “eu te amo”
Receio que se tem de responder: “Meu amor, obrigado!”
Eis que a vida é igual para todos
Em momentos e medidas completamente diferentes
Quem sabe a melhor coisa pra gente não deva ser fechar os olhos
Sonhar que voamos pra bem longe sem ter asas
Saber que existe alguém esperando por nós
Passando por cima de todas as casas
A gente vai gritando com uma só voz
Que amar é jogar uma alma contra a outra
Fitar os olhos no desejo mais profundo
E simplesmente sorrir...
Pois amar é a tarefa mais árdua do mundo,
E é agir de acordo com nossos próprios medos
Então eu te peço: Ame, mais do que possa pensar
Além das fronteiras do pensamento
Que separam os prazeres das dores
Ame, sem pedir ou deixar que te amem primeiro.
Ame, pra atrair pra si mesmo maiores amores.
E um dia os poetas hão de concordar
Que a mais bela das poesias é aquela em que o amor rima
Com qualquer palavra e qualquer melodia
(Meu amor, você é tudo que eu mais queria).
Por isso eu peço que você me ame
Antes que a gente se esqueça, antes que a vida desande
Eu simplesmente peço que você me ame...