quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sublime

Madeira pra fazer canoas
Amor pra fazer pessoas
Detalhes pra fazer verso
Nas imagens em que me disperso
Não perco tempo, não me perco então
No tocar da bossa nova
A saia levanta o chão
A poeira leva embora
Qualquer lágrima, qualquer hora
Que queiramos esquecer inteiramente
Sublime é a saudade
que engana-nos vorazmente
Sublime é a vontade
De não te apagar da mente
Folha pra fazer planta
Oração pra fazer mantra
E voz pra fazer samba
Que coisa linda, que coisa boa
Amor pra fazer canção
No coração das pessoas.

Vivendo, aprendendo e sonhando.

Sonhar sozinho é desilusão
Sonhar por sonhar
É tempo sobrando
Tempo que voa
Pro poeta e pro peão
Sonhar sozinho é terrorismo
É teatro desagrádavel
É dor, é achismo
De quem não acha ninguém pra gostar
Sonhar um punhado de sonho
Ao lado do benzinho é bem melhor
Do que se sonhar um sonho só
Sonhar sozinho é suicídio
Da alma, da vida, da mágica
Da graça de ver matemática
No amor dos amantes que não tem solução...

Inspiração

Por causa do amor
Me criei assim
Cheio de defeitos
Perfeitos pra mim
Por causa do amor
Me perdi aqui
E não fui procurar
Pois adomerci
Nos teus braços
Nos teus lábios
Nos teus afagos
que merecem meu sono
Meu sonho e minha atenção
Pois não há nada mais bonito
Que tua respiração
Colada no meu peito
Me dando inspiração
Pra escrever novas linhas
Sem te deixar sozinha
Sem te deixar na mão
Por causa do amor
esperei na sala
no quarto
na jangada
na janela
Fiquei cantando aos quatro cantos do mundo
Dizendo pra todo mundo
Eu te amo, Isabela!
No amor entrei sem ser convidado
Permaneci o tempo todo ali
No meu sono eterno, calado
Ninguém suspeitou
sequer perguntou
Onde está o amor que todos dizem?
Que todos sonham e todos vivem?

No amor vivi clandestino
Idade de homem, sonho de menino
Etéreo e além tal qual um poema
No amor vivi milagres
Vi Garota de Ipanema

Ninguém suspeitou
Sequer perguntou
Onde está o amor que todos dizem?
Que todos sonham e vivem?
O amor é só desgraça e desilusão
Mas com ela eu vivi um momento único
Tudo que dizem que seja amor
Eu vejo nela, Isabela, meu amor...

Filhos dos Deuses

Isabela, meu eterno amor!

Nós nascemos pro amor meu bem
E deles somos filhos e irmãos
Somos nós dois e mais ninguém
O resto é só contravenção

E por falar em contravenção
Contra tudo e contra todos
Está quem não sabe amar
É como morar no litoral
E viver de costas pro mar

Amar sem ser amado 
É quase um pecado
Agora ser amado e não retribuir
É um crime que deuses mandam punir

Nós nascemos pro amor meu bem
Vivendo com a certeza 
De que toda essa beleza
Está aqui e mais além.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Molecagem

Vou cantar sem saber a letra
Vou escrever sem saber cantar
Eis a graça da vida de moleque
É não ser criança e poder sonhar

Vou passar cantada nas meninas dos teus olhos
Bailar nos teus sonhos
Até seu pai chegar

Vou cantar baião sem ser baiano
Dançar com as meninas de terras mineiras
Aprender mil brincadeiras
Viver dez mil anos

Eis a graça de ser moleque
É não ser criança e poder gostar!